Vivência de Fronteira

Há um semblante de fronteiro

emponchado neste corpo,

Porque o instinto não ta morto...

Nesta minha alma gaúcha

como estouro de garrucha

e reboliço de potreiro.

Com a força desses punhos,

Atracando o dia inteiro,

eterno ritual terrunho

cotidiano de um campeiro.

Me topo com a força bruta

de potros de alma selvagem,

Num galope feita a luta

pra ver quem tem mais coragem.

Numa vivência de fronteira

de quem pisa o chão pampeano

E o tempo deixa vaqueano

em qualquer lado da linha,

É uma irmandade que caminha

ao tranco da vida matreira.

Sou mescla de céu e terra

por herdar um sangue rubro,

E no passado me descubro

Que sou filho fiel da pampa

e se carrego essa estampa

é que a liberdade não se entrega.

Um par de botas sovadas

no cão firme dos estrivos,

Me garante a camperiada

num trote bueno e altivo.

Meus olhos não se perdem

na poeira de um corredor

E nem o tino estremece

quando a lida faz fiador.

Roberto Giordani